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Vol. 26. Issue S2.
(September 2022)
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Vol. 26. Issue S2.
(September 2022)
ÁREA: INFECTOLOGIA CLÍNICAEP-178
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HEMÓLISE INDUZIDA POR ARTESUNATO USADO PARA TRATAMENTO DE MALÁRIA GRAVE: RELATO DE CASO
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Ana Carolina de O. Mota, Frederico Martins Oliveira, Ana Paula F.B. dos Santos, Andrey Biff Sarris, Matheus D.G. Rocha, Gilberto Gambero Gaspar, Cinara Silva Feliciano, Benedito A. Lopes da Fonseca
Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (HCFMRPUSP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
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Introdução

A espécie Plasmodium falciparum é responsável por 90% dos casos de malária grave. Parcela dos casos detectados no Brasil são oriundos de viajantes provenientes de regiões endêmicas. Diferentes manifestações clínicas caracterizam o quadro grave, tais como alta parasitemia, anemia grave, lesão renal aguda, icterícia e manifestações neurológicas. O tratamento deve ser iniciado precocemente, sendo artesunato a droga de escolha. Hemólise é descrita como efeito adverso tardio incomum à droga.

Objetivo

Relatar caso incomum de hemólise tardia induzida por artesunato.

Método

Homem, 50 anos, admitido após retorno de viagem para Angola com queixa de febre (39,5°C), hiporexia, cefaleia, mialgia, náuseas, vômitos, dor abdominal e dispneia. Ao exame evidenciado hepatoesplenomegalia, sem sintomas neurológicos. Realizado exame de gota espessa com detecção de incontáveis parasitas morfologicamente compatíveis com P. falciparum e teste rápido também positivo. Exames laboratoriais: Hb: 13.4 G/dL, Leucócitos: 2.500/μL, Plaquetas: 10.000/μL, Creatinina: 3.5 mg/dL, Bilirrubinas totais: 6.3 mg/dL, Bilirrubina direta: 4.1 mg/dL, Lactato: 6mmol/l. Pela gravidade, iniciado artesunato endovenoso, que foi mantido durante 4 dias, associado à dose única de primaquina. Posteriormente, transicionado para artesunato e mefloquina oral. Paciente apresentou melhora clínica progressiva, recuperação da função renal e normalização de provas de hemólise nos dias subsequentes. Parasitemia negativou após 7 dias do tratamento. Porém, 8 dias após o início do tratamento evoluiu com queda progressiva de hemoglobina, chegando a 5,9 G/dL, além de nova elevação de todas as provas de hemólise. Realizado teste para deficiência de G6PD, com resultado negativo, excluindo-se hemólise induzida pela primaquina. Houve necessidade transfusional três vezes. Nas 3 semanas seguintes, a evidência de hemólise persistiu, porém sem instituição de nenhum tratamento específico, com subsequente recuperação progressiva. Paciente segue assintomático e com normalização dos exames.

Resultados

A hemólise é achada bastante frequente no curso da malária, porém aquela detectada após recuperação do quadro (tardia) pode ser induzida pelo uso do artesunato. Trata-se de quadro não totalmente esclarecido, podendo ocorrer poucos dias a 4 semanas após uso da medicação. Não há tratamento específico, apenas suporte transfusional se necessário.

Conclusão

A suspeição do diagnóstico e o seguimento dos níveis de hemoglobina até um mês após tratamento com artesunato são fundamentais.

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The Brazilian Journal of Infectious Diseases
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