Nocardia beijingensis é um patógeno humano oportunista, Gram-positivo, fracamente resistente ao álcool-ácido. Essa bactéria cresce aerobicamente, geralmente dentro de 2 a 14 dias e é encontrada principalmente no solo. As infecções por Nocardia afetam principalmente indivíduos com imunossupressão sistêmica, especialmente aqueles com imunidade celular comprometida. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (parecer no 08915612.80000.0021) e o sujeito aceitou participar e assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Relatamos aqui o primeiro caso latino-americano de nocardiose associada a N. beijingensis em paciente com AIDS em terapia antirretroviral regular com carga viral indetectável. Paciente com 37 anos, sexo masculino, diagnosticado com AIDS em 2014 e em tratamento regular com tenofovir, lamivudina e efavirenz desde dezembro de 2015. Desenvolveu múltiplos abscessos cutâneos que não responderam à terapia antimicrobiana inicial. Concomitantemente, o paciente apresentava múltiplos nódulos no ápice pulmonar direito e tinha comprometimento do sistema nervoso central sem melhora após terapia empírica para tuberculose. O diagnóstico de nocardiose por N. beijingensis foi obtido pela cultura do líquido contido no abscesso cutâneo seguido da identificação da espécie por meio de técnicas de biologia molecular pelo sequenciamento do gene hsp65 e do gene16S rRNA, permitindo, por fim, a implantação da terapia com sulfametoxazol/trimetoprima com evolução clínica positiva, com resolução da nocardiose e sem recidiva da infecção. O diagnóstico incorreto de tuberculose e a prescrição de tuberculostáticos pode ser comum devido à sobreposição de sinais e sintomas entre as duas doenças. Entre os casos de formação de abscesso bacteriano que não respondem aos regimes de tratamento da tuberculose, pode ser necessário realizar um exame de cultura para o crescimento de Nocardia. Isso, juntamente com o sequenciamento das regiões do gene hsp65 e 16S rRNA em conjunto com testes fenotípicos, permite a identificação de espécies emergentes e a suscetibilidade antimicrobiana, a fim de fornecer terapias personalizadas que resolvam a infecção com sucesso.